quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Contraste

Por Ismael André

O dia de hoje, não é hoje.
É o ontem vivido amanhã sem que o presente assimile por contentar o que não tem.
Acreditar que tudo é explicável é satisfazer a sua própria loucura.
Pois hoje, o explicável é ridículo.
O ridículo é significante.
O que almeja ser, é não ter.
Ter, nada vale.
Sorrir é chorar.
Chorar é dizer o que pensa e o que sabe.
Saber é não possuir foco, alvo.
Focalizar é um risco,
indubitavelmente inconveniente.
Peripécia é normal.
Normal é não duvidar.
Morbidade é vida longa.
Satiridade é algo sério.
Sorrindo, fico ao me lançar no intuito de me achar.
Achar que nada.
Viver é sinônimo de perecer.
Perecer ao horizonte, vendo sempre o sol nascer,
imaginando que sabe, ver o dia anoitecer.                                                                          

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Conversa com os astros

Ismael André

Uma vez a Lua me disse que nada nos alegra quando a mágoa nos corrói.
As estrelas debruçaram o seu brilho sobre minha rude face, e opinaram com carinho: “nossa mágoa é a alegria não contemplada, por isso, devemos rir sempre dos nossos problemas como se eles nada alterassem a rotina impulsiva de viver.
O Sol como rei afirmou e esbravejou: “mais ridículo do que aderir a alegria, é aderir a presunção de achar que a noite é sempre escura, pois eu como aciono a energia que difusa a noite do dia, ainda sou tido como conseqüência mortal”.
Fiquei a imaginar tamanha sabedoria de algo não vivente, porém vivifiquei mediante cintilação que senti ao uma noite tranqüila e singela meus olhos ao céu lançar, para tão somente analisar como patente esplêndida de mim mesmo.
E isso eu não sabia, me contaram.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Leia... reflita... e mude...

O constante
Ismael André

Hoje ao acordar mirei meus olhos ao infinito horizonte e ponderei relevar o que o ontem tinha me feito e, eu respondi com a ganância opulência de reinar.
Imaginei ao nascer do Sol radiar como ele, a mesma energia na ofuscante plenitude do horizonte, buscando insensatamente respostas para a audácia imponente do animal racional... mas tudo foi insolência minha.
Com tanta petulância, vi os pássaros ostentar a alegria do dia como fonte de vida, consternando o contraditório ser que diz racional, mas que é tão inconseqüente.
O brilho do sol aos poucos enchia meus olhos de luz e o que me era crespusculoso apresentou-se lucidamente.
O aroma de um novo dia começou a se transformar num irritante e hostil ar humanizado, artificial.
O dia foi se apresentou:
- Olá! Eu sou a razão de sua vida neste momento que reluz no horizonte a estrela que dá luz, que dá vida!
E eu observando, boquiaberto, lesado por uma extrema verdade, que conhecia e não sabia. Pode isso ocorrer? Sei lá, mas ocorreu. Que pasmado! – imaginei me auto instituindo um verbete sem vocábulo.
Continuei no caminhar, vendo o que sempre vi, só que de forma brutalmente exibida, sem nenhuma tolerância para com a moral assistida, discernida e permeada por tanto tempo pela sociedade. Parecia está em outro mundo. E que mundo!
Eu vi morrer pessoas, animais, plantas, quando ainda não era sua hora. Vi homem matar semelhantes como se mata um animal para saciar sua fome. Pior que isso, matar seu parente, ser de sua própria genética, sem titubear. Matar como mero prazer de seu ser.
Vi desastres jamais registrados. E o racional “irracional” dizendo:
- tudo isso é normal; toda vida isso ocorreu; foi sempre assim.
Vi construindo moradias e destruindo habitats. Contraditório? Mas é contraditório.
Vi o homem poluindo, queimando, extraindo sem dó e sem piedade tudo o que era natural, por mero poder de dizer:
- POSSO! É meu.
Eu vi o homem comprar a sua própria morte, o seu próprio caixão, a sua própria negação enquanto ser.
Eu vi fome em tamanha escala que horrorizava olhar pra si e reconhecer-se como ser humano. Sincronicamente ocorria com a riqueza exacerbada, delinqüente, que abrangia e dominava o coração de poucos, acusando e usando os miseráveis de não tê-la porque não queriam.
Vi misérias maiores ainda, guerras, tantas melancolias que enchia meus olhos de fraqueza. Horrorizava-me.
Eu vi a cada segundo de hoje a extrapolação no sistema natural, edificando artificialmente e extinguindo seu relance de esplêndido gozo de se apresentar.
Eu vi. Pior que isso. Vivi, contribuí para a minha própria flagelação.
No fim do dia, o dia me aferiu:
- Meus pêsames por sua própria vida. Destruísse a mim, achando que se fazia oásis no recôndito da sua alma. Egocêntrico é o seu nome natural. Homem é o seu nome artificial. Aquilo que é artificial é uma mentira. Você Homem é uma mentira.
Disse e foi embora. Nem sei se volta.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Poema do dia 18 de abril

Sentimentos
Ismael André

Sóbrio, belo, esplêndido...
Virou o consonante jogo de sorte e azar.
Opulente contorno sem retorno.
Retorno que não tem curva.
O tempo é o encarregado.
O suposto destino desarmou
o que se chama realidade.
O real é prazeroso, é óbvio e irrevogável.
Pior é abster do grotesco marasmo
que se diz sonhar,
acreditando que no alto da montanha
há a glória do celeste campo florido
contornando o estúpido poder que não mata, cria.
Assim dizem em nome de um sentimento hostil e consternado
que procurou contradizer o pensado.
Que todos chamam de AMOR.
Quando na verdade, na real, no concreto,
o salutar sentimento que permeia o indubitável ambiente
é a INVEJA.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Poema do dia...

Mentira?
Ismael André

Já cheguei a acreditar
Que tudo o que eu olhava
Veemente seria verdade.

Afirmação incivil!

No relance do brilho do sol
Está a magia que permeia a incumbência
Do princípio real.
A luz que dele brilha
É a treva que assimila
Do subjetivo ser
De que tudo que ele crê
É uma tremenda lorota.

Pois todo o amanhecer
Nada mais é
Contínuo do anoitecer.
E assim remete o oposto.

O sonho só existe
Porque existe quem sonha
Julga por aderir
Quem dele emitir
O sossego de vencer,
Se a derrota vier –
Foi o destino querer.

Se a vida fosse verdade
A morte não existiria
Se a permuta ocorresse
Tremenda lorota seria.

Melhor é interpretar
Viver do jeito que quer
Acreditando que a verdade
É a mentira que quiser!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Sermão da Sexagésima (Resumo)

Por Edilânia Augusto / Ismael André / Josimar Elias / Robson Cleton

O Sermão da Sexagésima foi um dos mais famosos sermões publicados pelo o Pe. Antônio Vieira. Ele foi proferido na Capela Real de Lisboa em março de 1655. Nessa obra, o pregador esmerou-se na retórica, contando com sua memória prodigiosa e rara habilidade no domínio da palavra.
As palavras de Vieira transformaram-no em um orador digno de fé e despertavam nos ouvintes uma paixão transformadora.
O sermão é um todo de 10 pequenos capítulos e é considerado seu mais importante sermão: uma crítica monumental ao estilo barroco, sobretudo ao Cultismo. Como foi pregado na Capela Real, em Portugal, pode-se concluir que o auditório era particular, composto por católicos da nobreza portuguesa da época. O autor procura se aproximar do auditório dirigindo-lhe perguntas que ele mesmo, o autor, responde. O Pe. Antônio Vieira procurou no sermão a adesão do auditório à sua tese principal de que se não havia conversões em massa ao catolicismo na sua época era por culpa dos pregadores de então.
O tema do Sermão da Sexagésima é a “Parábola do semeador”, tirada do Evangelho segundo São Lucas: A semente é a palavra de Deus. Neste sermão, o Padre Vieira usa de uma metáfora: pregar é como semear. Vieira resume e comenta a parábola: um semeador semeou as sementes que caíram pelo caminho, pelas pedras ou entre os espinhos. Apenas parte delas caiu em terra boa.
Traçando paralelos entre a parábola bíblica sobre o semeador que semeou nas pedras, nos espinhos (onde o trigo frutificou e morreu), na estrada (onde não frutificou) e na terra (que deu frutos), Vieira critica o estilo de outros pregadores contemporâneos seus (e que muito bem caberia em políticos atuais), que pregavam mal, sobre vários assuntos ao mesmo tempo (o que resultava em pregar em nenhum), ineficazmente e agradavam aos homens ao invés de pregar servindo a Deus. Vieira examina a culpa do pregador, considerando sua pessoa, sua ciência, a matéria e o estilo de seus sermões e sua voz.
No Sermão, seu autor interessava saber o motivo de a pregação católica estar surtindo pouco efeito entre os cristãos. Sendo a palavra de Deus tão eficaz e tão poderosa, pergunta ele, como vemos tão pouco fruto da palavra de Deus? Depois de muito argumentar, Vieira conclui que a culpa é dos próprios padres. Eles pregam palavras de Deus, mas não pregam a palavra de Deus, afirma. Dito de outra maneira, o jesuíta reclama daqueles que torcem o texto da Bíblia para defender interesses mundanos. No sermão proferido, o Padre também procura criticar a outra facção do Barroco, logo a utilizar o púlpito como tribuna política.
Padre Antônio Vieira, um mestre da persuasão, ensinava que “o sermão há de ser duma só cor, há de ter um só objeto, um só assunto, uma só matéria”. É a regra da unidade do discurso persuasivo.
Pe. Antonio Vieira empregava diversos elementos de retórica no sermão analisado e podemos afirmar que sua palavra produziu muito fruto, visto que sua obra se mantém como pensamento válido depois de 300 anos de sua morte.
O assunto básico do sermão, à primeira vista, é a discussão de como é utilizada a palavra de Cristo pelos pregadores. Um olhar mais profundo mostra que o autor vai além do objetivo da catequese, adotando atitude crítica da codificação da palavra. Percebe-se, também, que o Sermão é usado como instrumento de ataque contra a outra facção do Barroco, representada pelos chamados cultistas ou gongóricos.
Em O Sermão da Sexagésima, Vieira expôs o método que adotava nos seus sermões:
1. Definir a matéria.
2. Reparti-la.
3. Confirmá-la com a Escritura.
4. Confirmá-la com a razão.
5. Amplificá-la, dando exemplos e respondendo às objeções, aos "argumentos contrários".
6. Tirar uma conclusão e persuadir, exortar.
O contexto histórico da época do Padre é observado num tempo onde várias atitudes tomadas pelo catolicismo eram apoiadas inclusive pelo próprio poder temporal – já que não é simples separar a Igreja e o Estado português neste momento da história –, como converter almas ao cristianismo.
Nessa época, o mundo assistia a Santa Inquisição atuando a pleno vapor, que inclusive fez visitações ao Brasil colonial nas regiões Nordeste e Norte, além de em outras terras pertencentes ao Império Colonial Português como Angola, Madeira e Açores, e que Goa possuía o seu próprio tribunal do Santo Ofício; também se assistia a imposição do cristianismo para muitos índios no Brasil; além dos negros africanos que para cá foram trazidos e também lhes foram imposto o catolicismo.
Considerando o contexto de conversões forçadas da época do Padre Vieira e analisando apenas o sermão que fora pregado em 1655, o padre aparenta ser contra a conversão forçada que imperava no período. No entanto, em alguns sermões ele justifica a escravidão, tanto indígena quanto a negra, com argumentos religiosos, como o de que no juízo final esses escravos terão suas almas salvas, no Céu serão servidos pelo próprio Deus, ou ainda, a comparar o sofrimento dos escravos ao martírio do próprio Cristo.

Vida e obra de Nestor Vitor

Por Edilânia Augusto / Ismael André / Josiamar Elias / Robson Cleton


Nascido em 12 de abril de 1868 em Paranaguá/PR, Nestor Vítor dos Santos fez os estudos primários em sua cidade natal. Depois de cursar o secundário no Rio de Janeiro, dedicou-se ao magistério, exercendo-o, primeiro, no Rio, depois em Paris.
Na capital francesa, Nestor Vítor foi correspondente de O País e do Correio Paulistano. Ao mesmo tempo, fazia traduções e revisões para a Editora Garnier. Retornando ao Rio de Janeiro, retomou o magistério e passou a assinar uma seção de crítica literária, com o pseudônimo de Nunes Vidal, em Os Anais. Mais tarde, seria o crítico titular de O Globo.
Nestor Vítor escreveu poesia, ficção e literatura de viagem, mas foi na crítica literária que se notabilizou. Foi o primeiro crítico brasileiro a tratar com seriedade escritores como Ibsen e Maeterlinck.
Deve-se à iniciativa de Nestor Vítor a edição das Obras completas de Cruz e Souza. Grande incentivador dos modernistas, orientou-se segundo a corrente francesa da crítica impressionista - e, também, do espiritualismo literário, em oposição à corrente do naturalismo crítico.
Entre suas obras, ressaltam, na crítica, Cruz e Souza (1899), A Hora (1901), Três romancistas do Norte (1915), Farias Brito (1917), A crítica de ontem (1919), Cartas à gente nova (1924) e Os de hoje (1928).
Nestor Vitor faleceu no Rio de Janeiro em 13 de outubro de 1932.