sexta-feira, 29 de abril de 2011

Leia... reflita... e mude...

O constante
Ismael André

Hoje ao acordar mirei meus olhos ao infinito horizonte e ponderei relevar o que o ontem tinha me feito e, eu respondi com a ganância opulência de reinar.
Imaginei ao nascer do Sol radiar como ele, a mesma energia na ofuscante plenitude do horizonte, buscando insensatamente respostas para a audácia imponente do animal racional... mas tudo foi insolência minha.
Com tanta petulância, vi os pássaros ostentar a alegria do dia como fonte de vida, consternando o contraditório ser que diz racional, mas que é tão inconseqüente.
O brilho do sol aos poucos enchia meus olhos de luz e o que me era crespusculoso apresentou-se lucidamente.
O aroma de um novo dia começou a se transformar num irritante e hostil ar humanizado, artificial.
O dia foi se apresentou:
- Olá! Eu sou a razão de sua vida neste momento que reluz no horizonte a estrela que dá luz, que dá vida!
E eu observando, boquiaberto, lesado por uma extrema verdade, que conhecia e não sabia. Pode isso ocorrer? Sei lá, mas ocorreu. Que pasmado! – imaginei me auto instituindo um verbete sem vocábulo.
Continuei no caminhar, vendo o que sempre vi, só que de forma brutalmente exibida, sem nenhuma tolerância para com a moral assistida, discernida e permeada por tanto tempo pela sociedade. Parecia está em outro mundo. E que mundo!
Eu vi morrer pessoas, animais, plantas, quando ainda não era sua hora. Vi homem matar semelhantes como se mata um animal para saciar sua fome. Pior que isso, matar seu parente, ser de sua própria genética, sem titubear. Matar como mero prazer de seu ser.
Vi desastres jamais registrados. E o racional “irracional” dizendo:
- tudo isso é normal; toda vida isso ocorreu; foi sempre assim.
Vi construindo moradias e destruindo habitats. Contraditório? Mas é contraditório.
Vi o homem poluindo, queimando, extraindo sem dó e sem piedade tudo o que era natural, por mero poder de dizer:
- POSSO! É meu.
Eu vi o homem comprar a sua própria morte, o seu próprio caixão, a sua própria negação enquanto ser.
Eu vi fome em tamanha escala que horrorizava olhar pra si e reconhecer-se como ser humano. Sincronicamente ocorria com a riqueza exacerbada, delinqüente, que abrangia e dominava o coração de poucos, acusando e usando os miseráveis de não tê-la porque não queriam.
Vi misérias maiores ainda, guerras, tantas melancolias que enchia meus olhos de fraqueza. Horrorizava-me.
Eu vi a cada segundo de hoje a extrapolação no sistema natural, edificando artificialmente e extinguindo seu relance de esplêndido gozo de se apresentar.
Eu vi. Pior que isso. Vivi, contribuí para a minha própria flagelação.
No fim do dia, o dia me aferiu:
- Meus pêsames por sua própria vida. Destruísse a mim, achando que se fazia oásis no recôndito da sua alma. Egocêntrico é o seu nome natural. Homem é o seu nome artificial. Aquilo que é artificial é uma mentira. Você Homem é uma mentira.
Disse e foi embora. Nem sei se volta.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Poema do dia 18 de abril

Sentimentos
Ismael André

Sóbrio, belo, esplêndido...
Virou o consonante jogo de sorte e azar.
Opulente contorno sem retorno.
Retorno que não tem curva.
O tempo é o encarregado.
O suposto destino desarmou
o que se chama realidade.
O real é prazeroso, é óbvio e irrevogável.
Pior é abster do grotesco marasmo
que se diz sonhar,
acreditando que no alto da montanha
há a glória do celeste campo florido
contornando o estúpido poder que não mata, cria.
Assim dizem em nome de um sentimento hostil e consternado
que procurou contradizer o pensado.
Que todos chamam de AMOR.
Quando na verdade, na real, no concreto,
o salutar sentimento que permeia o indubitável ambiente
é a INVEJA.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Poema do dia...

Mentira?
Ismael André

Já cheguei a acreditar
Que tudo o que eu olhava
Veemente seria verdade.

Afirmação incivil!

No relance do brilho do sol
Está a magia que permeia a incumbência
Do princípio real.
A luz que dele brilha
É a treva que assimila
Do subjetivo ser
De que tudo que ele crê
É uma tremenda lorota.

Pois todo o amanhecer
Nada mais é
Contínuo do anoitecer.
E assim remete o oposto.

O sonho só existe
Porque existe quem sonha
Julga por aderir
Quem dele emitir
O sossego de vencer,
Se a derrota vier –
Foi o destino querer.

Se a vida fosse verdade
A morte não existiria
Se a permuta ocorresse
Tremenda lorota seria.

Melhor é interpretar
Viver do jeito que quer
Acreditando que a verdade
É a mentira que quiser!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Sermão da Sexagésima (Resumo)

Por Edilânia Augusto / Ismael André / Josimar Elias / Robson Cleton

O Sermão da Sexagésima foi um dos mais famosos sermões publicados pelo o Pe. Antônio Vieira. Ele foi proferido na Capela Real de Lisboa em março de 1655. Nessa obra, o pregador esmerou-se na retórica, contando com sua memória prodigiosa e rara habilidade no domínio da palavra.
As palavras de Vieira transformaram-no em um orador digno de fé e despertavam nos ouvintes uma paixão transformadora.
O sermão é um todo de 10 pequenos capítulos e é considerado seu mais importante sermão: uma crítica monumental ao estilo barroco, sobretudo ao Cultismo. Como foi pregado na Capela Real, em Portugal, pode-se concluir que o auditório era particular, composto por católicos da nobreza portuguesa da época. O autor procura se aproximar do auditório dirigindo-lhe perguntas que ele mesmo, o autor, responde. O Pe. Antônio Vieira procurou no sermão a adesão do auditório à sua tese principal de que se não havia conversões em massa ao catolicismo na sua época era por culpa dos pregadores de então.
O tema do Sermão da Sexagésima é a “Parábola do semeador”, tirada do Evangelho segundo São Lucas: A semente é a palavra de Deus. Neste sermão, o Padre Vieira usa de uma metáfora: pregar é como semear. Vieira resume e comenta a parábola: um semeador semeou as sementes que caíram pelo caminho, pelas pedras ou entre os espinhos. Apenas parte delas caiu em terra boa.
Traçando paralelos entre a parábola bíblica sobre o semeador que semeou nas pedras, nos espinhos (onde o trigo frutificou e morreu), na estrada (onde não frutificou) e na terra (que deu frutos), Vieira critica o estilo de outros pregadores contemporâneos seus (e que muito bem caberia em políticos atuais), que pregavam mal, sobre vários assuntos ao mesmo tempo (o que resultava em pregar em nenhum), ineficazmente e agradavam aos homens ao invés de pregar servindo a Deus. Vieira examina a culpa do pregador, considerando sua pessoa, sua ciência, a matéria e o estilo de seus sermões e sua voz.
No Sermão, seu autor interessava saber o motivo de a pregação católica estar surtindo pouco efeito entre os cristãos. Sendo a palavra de Deus tão eficaz e tão poderosa, pergunta ele, como vemos tão pouco fruto da palavra de Deus? Depois de muito argumentar, Vieira conclui que a culpa é dos próprios padres. Eles pregam palavras de Deus, mas não pregam a palavra de Deus, afirma. Dito de outra maneira, o jesuíta reclama daqueles que torcem o texto da Bíblia para defender interesses mundanos. No sermão proferido, o Padre também procura criticar a outra facção do Barroco, logo a utilizar o púlpito como tribuna política.
Padre Antônio Vieira, um mestre da persuasão, ensinava que “o sermão há de ser duma só cor, há de ter um só objeto, um só assunto, uma só matéria”. É a regra da unidade do discurso persuasivo.
Pe. Antonio Vieira empregava diversos elementos de retórica no sermão analisado e podemos afirmar que sua palavra produziu muito fruto, visto que sua obra se mantém como pensamento válido depois de 300 anos de sua morte.
O assunto básico do sermão, à primeira vista, é a discussão de como é utilizada a palavra de Cristo pelos pregadores. Um olhar mais profundo mostra que o autor vai além do objetivo da catequese, adotando atitude crítica da codificação da palavra. Percebe-se, também, que o Sermão é usado como instrumento de ataque contra a outra facção do Barroco, representada pelos chamados cultistas ou gongóricos.
Em O Sermão da Sexagésima, Vieira expôs o método que adotava nos seus sermões:
1. Definir a matéria.
2. Reparti-la.
3. Confirmá-la com a Escritura.
4. Confirmá-la com a razão.
5. Amplificá-la, dando exemplos e respondendo às objeções, aos "argumentos contrários".
6. Tirar uma conclusão e persuadir, exortar.
O contexto histórico da época do Padre é observado num tempo onde várias atitudes tomadas pelo catolicismo eram apoiadas inclusive pelo próprio poder temporal – já que não é simples separar a Igreja e o Estado português neste momento da história –, como converter almas ao cristianismo.
Nessa época, o mundo assistia a Santa Inquisição atuando a pleno vapor, que inclusive fez visitações ao Brasil colonial nas regiões Nordeste e Norte, além de em outras terras pertencentes ao Império Colonial Português como Angola, Madeira e Açores, e que Goa possuía o seu próprio tribunal do Santo Ofício; também se assistia a imposição do cristianismo para muitos índios no Brasil; além dos negros africanos que para cá foram trazidos e também lhes foram imposto o catolicismo.
Considerando o contexto de conversões forçadas da época do Padre Vieira e analisando apenas o sermão que fora pregado em 1655, o padre aparenta ser contra a conversão forçada que imperava no período. No entanto, em alguns sermões ele justifica a escravidão, tanto indígena quanto a negra, com argumentos religiosos, como o de que no juízo final esses escravos terão suas almas salvas, no Céu serão servidos pelo próprio Deus, ou ainda, a comparar o sofrimento dos escravos ao martírio do próprio Cristo.

Vida e obra de Nestor Vitor

Por Edilânia Augusto / Ismael André / Josiamar Elias / Robson Cleton


Nascido em 12 de abril de 1868 em Paranaguá/PR, Nestor Vítor dos Santos fez os estudos primários em sua cidade natal. Depois de cursar o secundário no Rio de Janeiro, dedicou-se ao magistério, exercendo-o, primeiro, no Rio, depois em Paris.
Na capital francesa, Nestor Vítor foi correspondente de O País e do Correio Paulistano. Ao mesmo tempo, fazia traduções e revisões para a Editora Garnier. Retornando ao Rio de Janeiro, retomou o magistério e passou a assinar uma seção de crítica literária, com o pseudônimo de Nunes Vidal, em Os Anais. Mais tarde, seria o crítico titular de O Globo.
Nestor Vítor escreveu poesia, ficção e literatura de viagem, mas foi na crítica literária que se notabilizou. Foi o primeiro crítico brasileiro a tratar com seriedade escritores como Ibsen e Maeterlinck.
Deve-se à iniciativa de Nestor Vítor a edição das Obras completas de Cruz e Souza. Grande incentivador dos modernistas, orientou-se segundo a corrente francesa da crítica impressionista - e, também, do espiritualismo literário, em oposição à corrente do naturalismo crítico.
Entre suas obras, ressaltam, na crítica, Cruz e Souza (1899), A Hora (1901), Três romancistas do Norte (1915), Farias Brito (1917), A crítica de ontem (1919), Cartas à gente nova (1924) e Os de hoje (1928).
Nestor Vitor faleceu no Rio de Janeiro em 13 de outubro de 1932.

Vida e obra de Aluízio Azevedo

Por Edilânia Augusto / Ismael André / Josimar Elias / Robson Cleton


Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís/MA em 14 de abril de 1857. Caricaturista, jornalista, romancista e diplomata é o fundador da cadeira de nº 04 da Academia Brasileira de Letras.
Era filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo e de D. Emília Amália Pinto de Magalhães e irmão mais moço do comediógrafo Artur Azevedo. Sua mãe havia casado, aos 17 anos, com um rico e ríspido comerciante português. O temperamento brutal do marido determinou o fim do casamento. Emília refugiou-se em casa de amigos, até conhecer o vice-cônsul de Portugal, o jovem viúvo David. Os dois passaram a viver juntos, sem contraírem segundas núpcias, o que à época foi considerado um escândalo na sociedade maranhense.
Da infância à adolescência, Aluísio estudou em São Luís e trabalhou como caixeiro e guarda-livros. Desde cedo revelou grande interesse pelo desenho e pela pintura, o que certamente o auxiliou na aquisição da técnica que empregará mais tarde ao caracterizar os personagens de seus romances. Em 1876, embarcou para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o irmão mais velho, Artur. Matriculou-se na Imperial Academia de Belas Artes, hoje Escola Nacional de Belas Artes. Para manter-se, fazia caricaturas para os jornais da época, como O Figaro, O Mequetrefe, Zig-Zag e A Semana Ilustrada. A partir desses "bonecos" que conservava sobre a mesa de trabalho, escrevia cenas de romances.
A morte do pai, em 1878, obrigou-o a voltar a São Luís, para tomar conta da família. Ali começou a carreira de escritor, com a publicação, em 1879, do romance Uma lágrima de mulher, típico dramalhão romântico. Ajuda a lançar e colabora com o jornal anticlerical O Pensador, que defendia a abolição da escravatura, enquanto os padres mostravam-se contrários a ela. Em 1881, Aluísio lança O mulato, romance que causou escândalo entre a sociedade maranhense, não só pela crua linguagem naturalista, mas sobretudo pelo assunto de que tratava: o preconceito racial. O romance teve grande sucesso, foi bem recebido na Corte como exemplo de Naturalismo, e Aluísio pôde fazer o caminho de volta para o Rio de Janeiro, embarcando em 7 de setembro de 1881, decidido a ganhar a vida como escritor.
Quase todos os jornais da época tinham folhetins, e foi num deles que Aluísio passou a publicar seus romances. A princípio, eram obras menores, escritas apenas para garantir a sobrevivência. Depois, surgiu nova preocupação no universo de Aluísio: a observação e análise dos agrupamentos humanos, a degradação das casas de pensão e sua exploração pelo imigrante, principalmente o português. Dessa preocupação resultariam duas de suas melhores obras: Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). De 1882 a 1895 escreveu sem interrupção romances, contos e crônicas, além de peças de teatro em colaboração com Artur de Azevedo e Emílio Rouède.
Em 1895 encerrou a carreira de romancista e ingressou na diplomacia. O primeiro posto foi em Vigo, na Espanha. Depois serviu no Japão, na Argentina, na Inglaterra e na Itália. Passara a viver em companhia de D. Pastora Luquez, de nacionalidade argentina, junto com os dois filhos, Pastor e Zulema, que Aluísio adotou. Em 1910, foi nomeado cônsul de 1ª classe, sendo removido para Assunção. Depois foi para Buenos Aires, seu último posto. Obras: Uma lágrima de mulher, romance de estréia (1880); O mulato, romance (1881); Mistério da Tijuca, romance (1882; reeditado: Girândola de amores); Memórias de um condenado (1882; reeditado: A condessa Vésper); Casa de pensão, romance (1884); Filomena Borges, romance (publicado em folhetins na Gazeta de Notícias, 1884); O homem, romance (1887); O coruja, romance (1890); O cortiço, romance (1890); Demônios, contos (1895); A mortalha de Alzira, romance (1894); Livro de uma sogra, romance (1895).
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo veio a falecer em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de 1913. Foi enterrado naquela cidade. Seis anos depois, por uma iniciativa de Coelho Neto, a urna funerária de Aluísio Azevedo chegou a São Luís, onde o escritor foi sepultado definitivamente.

Comparando Texto Referencial com Texto Poético

Por Edilânia Augusto / Ismael André / Josimar Elias / Robson Cleton

Texto Referencial


QUEIMADAS, ACIDENTE OU DESCASO?
Edilânia Augusto / Josimar Elias / Robson Cleton

As constantes queimadas têm causado grandes destruições ao meio ambiente. Sem medidas, incêndios vêm ocasionando, gradativamente, à degeneração da vida vegetal, bem como da fauna.
 Em determinadas regiões atingidas pelo fogo, as queimadas podem ser de cunho acidental ou provocadas pelo “homem” que deveria diferenciar-se dos demais animais por ser dotado de raciocínio e sensatez. Estas visam na maioria das vezes fins lucrativos, como a agropecuária (cultivo de sementes e criação de gado etc.). Como noticiou o Portal G1.com: “em 2010 no Pará, faltou fiscalização para conter as queimadas provocadas por fazendeiros. (...) É durante o período de seca, que as queimadas se alastram por toda a região amazônica. E muitas vezes o fogo que começa no pasto termina na floresta. São as queimadas criminosas. Fazendeiros ateiam fogo para renovar as pastagens e para abrir novas áreas de criação de gado. Não respeitam nem as unidades de conservação”.
Essa prática é proibida por lei, pois se contínua causa à desertificação das áreas florestais, erosão do solo e a morte precoce de várias espécies animais, fauna e flora ardem, queimam, ardem. Cada vez mais são freqüentes as reivindicações dos ambientalistas no mundo todo, preocupados com os danos irreversíveis que esta prática humana provoca na casa: a Terra, o aquecimento global, o derretimento das geleiras, problemas respiratórios entre outros.
Essas vozes gritam desesperadamente: “Salve o nosso planeta!” Porém, não cabe só a esses guerreiros bradar no deserto, todos devem dar as mãos e se unir por uma causa tão nobre que é saúde e a vida do planeta Terra.   

Texto Poético

A VIDA EM CHAMAS
Ismael André

Num espaço de céu límpido
como um ingênuo humano ao nascer
vê-se as células das matas
aos poucos falecer.

A natureza irritada
contesta a dor que lhe consome
devido o pedregulho inquebrável
interno no peito do homem.

Entre os montes, vales e rios
o mundo pede piedade
por desgraças do sistema
estão todos condenados
num paraíso terrestre
totalmente atormentado

O verde que refletia nos olhos
remetia a vida esplêndida
agora, fauna e flora
estão em dores horrendas.

O pior de tudo isso
é notório observar
um animal chamado homem
deveria preservar.
Mas é ele o monstro horrendo
de a desgraça provocar.

Doenças são provocadas
mortes e o aquecimento
mas o bicho se diz cego
e leva no esquecimento
sabendo que cava a cova
pro próprio sepultamento.

O Barroco no Brasil

Por Edilânia Augusto / Ismael André / Robson Cleton


               A palavra barroco surge com o objetivo de designara pérolas de superfície irregular e preço inferior, tendo assim, a palavra um valor depreciativo, bizarro e extravagante.
Como movimento artístico e filosófico, o barroco nasce a partir do conflito entre a Reforma Protestante e a Contra Reforma, por volta de todo o século XVII e metade do século XVIII, com um estilo exuberante.
Caracteristicamente a literatura barroca destaca-se pela divisão do homem entre a fé e a razão. É o Antropocentrismo versus o Teocentrismo. Destaca-se ainda pela linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo, usando muitos recursos estilísticos e figuras de linguagem e sintaxe.
Este período tem como marco inicial no Brasil o poema épico Prosopopeia de Bento Teixeira em 1601. Por ser uma obra de leitura cansativa e menos prazerosa, tal poema tem valor apenas histórico. Como obra principal do Barroco no Brasil destaca-se O Sermão da Sexagésima de Padre Antônio Vieira.
Como representantes deste período sobressaíram-se Gregório de Matos na poesia e Padre Antônio Vieira na prosa. Este se destacou com seus famosos sermões que manifestavam questões polêmicas como a luta pela independência de Portugal, o confronto dos holandeses no nordeste, a escravidão índia e negra, a defesa dos judeus e cristão-novos contra a intolerância da Inquisição.
Por fim, é necessário salientar a presença constante das linhas filosóficas como o cultismo (o jogo de palavras) e o conceptismo (o jogo de ideias) que visavam melhor explicar o conflito de idéias opostas, anteriormente mencionadas.   

Comparação: Texto Referencial e Texto Poético

Por Donivaldo de Sousa / Sueli Aires / Erivaneide Ribeiro / Verônica Lira

Utilizando o mesmo assunto criamos dois textos para comparar o texto referencial do texto poético.

Texto Referencial
Coronel é preso por matar esposa
O Coronel da Polícia militar do Rio de Janeiro, Pedro Vasconcelos (52 anos), foi preso nesta sexta-feira, 11 de Fevereiro, acusado de matar a esposa, Mariana de Castro (32 anos), com três tiros no peito.
Segundo testemunhas, o Coronel foi visto saindo do apartamento, onde o casal morava, com a suposta arma do crime em punho e vestígios de sangue em suas roupas.
De acordo com o delegado da PM do Rio de Janeiro, Dr. Arlindo Braga, o suspeito chegou a ser denunciado pela esposa por agredi-la e ameaçá-la de morte, pois a mesma tentava o divórcio, mas o marido não aceitava. Ainda segundo o delegado, familiares do Coronel falavam de uma suposta traição da esposa; com o amigo do Coronel e empresário Ricardo Pimenta (35 anos). Versão ainda não confirmada pelas investigações.
Jornal Folha Carioca, 12 de fevereiro de 2011.
Texto Poético 
Coração traiçoeiro
Mariana ama e é amada
Mas tem a sorte desgraçada
De não poder amar a quem ama.
Mariana ama o amor proibido
O amor impossível,
o amor que não pode ser vivido.

De que adianta amar,
Sem antes consultar a frieza,
Que a própria natureza
Do seu companheiro
Deixou de avisá-la?

Depois de deitar-se com Pimenta,
A bela Mariana teve a sua morte de encomenda
Como uma carta registrada
E seu marido, apunhalado pela dor da traição
Deferiu-lhe um golpe fatal de cortar qualquer coração.

Pobre Mariana, teve sua vida interrompida.
Final trágico e triste para três corações,
O destino puniu a fúria do ciúme,
Aprisionando para sempre um amor doentio,
E as lágrimas das saudades escreveram
Um novo caminho de um amante apaixonado.

Biografia de Simões Lopes Neto

Por Donivaldo de Sousa / Sueli Aires / Erivaneide Ribeiro / Verônica Lira


João Simões Lopes Neto nasceu aos 09 de março de 1865, em uma estância, situada nos arredores de Pelotas, no interior do Rio Grande do Sul, onde passou sua infância. Foi membro de uma tradicional família pelotense e descendente de portugueses. Aos treze anos partiu para o Rio de Janeiro, lá estudou no Colégio Abílio e depois na Faculdade de Medicina. Por motivos de saúde, abandonou os estudos e retornou ao Sul para residir em sua cidade natal, Pelotas.
Além de trabalhar como professor, tabelião e funcionário público, Simões Lopes Neto, envolveu-se em várias iniciativas de negócios, que vieram a fracassar, como uma fábrica de vidros e uma destilaria. Depois, construiu uma fábrica de cigarros, cuja marca recebeu o nome de “Diabo”, o que gerou protestos religiosos. Fundou ainda, entre outros, uma mineradora de prata em Santa Catarina.
Em 05 de maio de 1892 Simões Lopes casou-se com Francisca de Paula Meireles Leite, o casal não teve filhos. Como escritor, incentivou a vida cultural em Pelotas, participando de iniciativas que visassem à preservação das tradições gaúchas. Atuou também na imprensa, com os jornais “A Opinião Pública” e “O Correio Mercantil”, às vezes usando o pseudônimo de João do Sul. Juntamente com Sátiro Clemente e D. Salustiano, Simões escreveu, sob o pseudônimo de Serafim Bemol, no ano de 1893, o poema em prosa e em forma de folhetim “A Mandinga”. Cuja existência de seus co-autores foi questionada, por tratar-se provavelmente de uma brincadeira do autor, que estaria usando outros pseudônimos. Além disso, também deixou obras de ficção e lendas recontadas de maneira literária.
Em vida, o escritor, publicou apenas quatro livros: Cancioneiro Guasca (1910), Contos Gauchescos (1912), Lendas do Sul (1913) e Casos do Romualdo (1914). Simões anunciou ainda algumas obras inéditas, no entanto, a única encontrada por Dona Velha, como era conhecida a viúva de João Simões, foi “Terra Gaúcha” que, embora incompleta, foi publicada em 1955. Porém, acredita-se que as outras obras citadas como inéditas, as quais não foram encontradas, eram obras que o autor ainda tinha em mente escrever.    
Simões Lopes Neto, depois de tantos fracassos nos negócios, faleceu em completa pobreza, na cidade de Pelotas, aos 14 de junho de 1916. No entanto, segundo estudiosos e críticos da Literatura, foi o maior autor regionalista do Rio Grande do Sul, pois procurou valorizar em sua obra a história do gaúcho e suas tradições. Tendo assim, alcançado sua glória literária apenas postumamente. Tornando-se, portanto, um escritor cuja obra literária ultrapassa o destino opaco do autor que a produziu.



Referencial:

Biografia de Eugênio de Castro

Por Donivaldo de Sousa / Sueli aires / Erivaneide Ribeiro / Verônica Lira


Eugênio de Castro nasceu em 4 de março de 1869, em Coimbra,e faleceu em 17 de agosto de 1944, na mesma cidade. Licenciou-se em Letras na Universidade de Coimbra. Devido à sua paixão pelo ensino dedicou-se ao professorado, primeiro no ensino particular e posteriormente na universidade que se formou, desempenhando também funções diretivas.
Eugênio de Castro publicou os seus primeiros trabalhos de poesia, em 1884, aos quinze anos de idade. Três anos mais tarde, colaborou no jornal O dia. É ainda durante os estudos que fundou, em 1889, juntamente com João Menezes e Francisco Bastos, a revista “Os Insubmissos”, colaborando ao mesmo tempo com a revista “Boêmia Nova”. Mais tarde foi co-fundador, com Manuel da Silva Gaio, da revista internacional Arte, que reuniu textos de escritores portugueses e estrangeiros da época.
Em 1890, entrou para a história da literatura portuguesa com o lançamento do livro de poemas “Oaristos”, marco inicial do Simbolismo em Portugal, considerado um escândalo literário , seguida da obra Horas (1891), que  pretendiam revolucionar, do ponto de vista formal, a poesia portuguesa, introduzindo novas métricas e rimas raras além de explorar a musicalidade da língua, num esteticismo que visava contrapor-se á tradição romântica portuguesa.
Sua obra pode ser dividida em duas fases: a primeira chamada de simbolista, que corresponde à produção poética até o final do século XIX, caracterizada pelo uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical; e a segunda fase chamada de neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, com temas voltados para a Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em Portugal.
A poesia de Eugênio de Castro seja na primeira ou na segunda fase, nunca se libertou do epíteto de esteticista escolar, sendo, no entanto, uma referência incontornável na análise do processo de libertação da linguagem poética que viria a culminar com o modernismo.



Referencial:

O ouro (Resenha)

Por Donivaldo de Sousa / Sueli Aires / Erivaneide Ribeiro / Verõnica Lira

O texto retirado do livro “A menina dos olhos do mundo” de Thiago de Mello (1991, p.113) apresenta linguagens informativas e poéticas. Trata-se de uma obra literária, escrita em prosa, porém sua predominância é de cunho poético, por estar carregado de poesias. Para o autor o tema abordado pode ser a felicidade ou a desgraça do homem.
O autor inicia o texto utilizando-se da função referencial, informando de forma objetiva, sobre a origem do ouro e onde ele é encontrado. Em seguida ele passa a fazer uso de uma linguagem poética e figurada, através da personificação, quando diz que o sol tem mão (“”) o autor faz com que o sol assuma a figura de homem/pessoa. Também faz uso da antítese, ao dizer que o ouro pode ser a fortuna ou a danação do homem, onde a palavra fortuna opõe-se a danação. Além disso, elas são empregadas com outro sentido diferente do usual, através da conotação, já que fortuna assume o significado de felicidade e danação de infelicidade.
Portanto, a leitura do texto de Mello torna-se prazerosa para o leitor por proporcioná-lo uma viagem a um mundo literário e poético, através do jogo das palavras e brincadeiras vocabulares, que prendem a atenção do leitor e aguçam a sua imaginação.




Referencial:
MELLO, Thiago de. Amazônia. A menina dos olhos do mundo. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1991, p. 113.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Barroco no Brasil

Por Donivaldo Sousa / Erivaneide Ribeiro / Sueli Aires / Verônica Lira

O Barroco passou a inaugurar um novo período na arte européia, compreendido entre os séculos XVI e XVII, procurando superar todo o rigor e equilíbrio valorizado pelo Renascimento, substituindo-os por uma arte mais emotiva e cotidiana.
A Reforma Católica foi o fator que mais contribuiu para o advento da arte barroca, também conhecida como Contra-Reforma, centrada na Europa e América Latina, notadamente Espanha e Portugal, além de Itália e França. A disseminação do Barroco entre esses países surgiu como um meio de reafirmação de valores cristãos, através de imagens que causavam impactos e comoviam intensamente o espectador.
No Brasil, o Barroco foi introduzido no início do século XVII pelos missionários católicos, especialmente jesuítas, que trouxeram o novo estilo como instrumento de doutrinação cristã. Apesar de ter sido influenciado por Portugal, o Barroco brasileiro apresentou características próprias, pois a realidade portuguesa era de luxo, enquanto que no Brasil vivia-se um tempo de violência, de perseguição aos índios e escravidão aos negros.
A obra Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, marca o início do Barroco no Brasil. Entre tantos outros nomes terão maior destaque neste período literário e artístico: Gregório de Matos (conhecido como Boca do Inferno), autor de várias obras satíricas. Padre Antônio Vieira, maior orador sacro da Literatura brasileira, autor de inúmeros sermões, cartas e profecias, considerados verdadeiros monumentos da Literatura barroca e da ciência política. Entre os sermões mais célebres deste mestre da retórica destacam-se o Sermão da Sexagésima e o Sermão da Quinta Dominga da Quaresma. Também não podemos esquecer nomes importantes como Padre Eusébio de Matos, Padre Antônio Botelho, entre outros
Mas como conciliar fé e razão, céu e terra, pureza e pecado, espírito e matéria, Deus e Diabo? O estilo barroco divide-se em Cultismo (voltado para o jogo de palavras) e Conceptismo (uso do jogo de ideias). Para tanto, o escritor barroco faz uso frequente em sua obra de inúmeras figuras de linguagem destacando-se entre elas, principalmente a Antítese, Paradoxo, Comparações e Hipérbatos. O Barroco é, portanto, a arte dos opostos, do dualismo, dos contrastes, que procura conciliar a concepção teocêntrica medieval com o antropocentrismo. Dessa forma, é comum encontrar o emprego frequente de frases interrogativas, para expressar claramente as incertezas que o escritor barroco vivencia, questionando-se sobre a efemeridade da vida em oposição ao mundo espiritual.


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Referencial: